Um conto antigo “A verdade saindo do poço” nos conta, resumidamente, que a verdade e a mentira se despiram para banhar-se num poço. Sorrateiramente a mentira saiu, sem que a verdade percebesse , vestiu as vestes da verdade e sumiu. Quando a verdade saiu do poço ficou nua e crua, pois se recusara a vestir as roupas da mentira.
Mas na
realidade quem veste a mentira são as pessoas, quem conta pela primeira vez,
sabe que é mentira, mas as pessoas com o desejo de que aquela mentira seja
verdade a disfarça e a alimenta.
Dizer que
uma mentira dita muitas vezes se torna verdade é exatamente a manifestação
desse desejo.
A mentira
permanece, e o desejo se concretiza.
Como no
mundo as aparências predominam, as vestes, o melhor os desejos escondem a
mentira para que só se perceba a crosta que a encobre.
O emissor é
esquecido, o conteúdo é diluído ao longo do trajeto e as vestes se fortalecem
com novas camadas e assume o conteúdo, o desejo é sempre o elemento mais forte
de realidade.
A realidade
esta sempre no imaginário, o fato é apenas a consequência. Nada existiria sem
antes uma concepção.
Sempre
colocamos roupas, com nossos conceitos, crenças e valores, nossos pré-conceitos,
pois a verdade em si pode ser um fardo pesado de se carregar.
Vamos
colocando tantas camadas a tal ponto que não mais conseguimos desnuda-la, de jamais
conseguir vê-la na sua pureza, NUA E CRUA.
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