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Mostrando postagens de março, 2019

A verdade

Ficamos buscando uma ilusão chamada verdade. É uma busca inútil. Sua duração seria pequena, pois ao abraça-la nossos apegos e pré-conceitos se misturariam e a modificariam. A verdade é um instante que se esconde entre duas certezas opostas, em uma ação transitória. Na transitoriedade perde a limpidez, o concreto, se rarefaz, se expande e permite uma nova visão. Ao desfazer as certezas cria-se a dúvida e a duvida abre espaço para a visão, que pode nos levar a verdade enquanto ainda estamos   segurando a intervenção de nossos conceitos. Ela é como uma penumbra, presente na passagem entre o claro   o escuro, quando estes se revezam , criando a instabilidade. Uma passagem que nos acena e nos abandona, na próxima abordagem. Durante esse lampejo, essa fração de tempo, encontramos a verdade, mas logo nossos antigos conceitos, ao se misturarem com ela, a transformam e a deformam.   A busca pela verdade resulta então, em ACHAR NOSSA VERDADE. Relativizamos a verdade, passamos a t

Escolha

Vivemos num mundo dual, um real e um imaginário, que andam juntos,as vezes se complementam, mas muitas vezes são antagônicos  e temos que fazer escolha e isso não é fácil. A escolha é como um peso se deslocando encima da tábua de uma gangorra. Colocar esse peso numa posição cujo resultado seja bom seria fácil se tudo na vida fosse racional, matemático, não houvesse o emocional, e se todos nós combinássemos em agir usando esse critérios. Eles nos levariam a certeza. Tudo seria simples utilizando a razão, ou seja tivessem o mesmo efeito para a mesma causa. Mas não é o que acontece, uma peça teatral, um filme, uma música, uma palavra, podem ter varias saídas e gerarem emoções diferentes. O peso de uma escolha está na forma de como encaramos as situações, como criamos as expectativas, como as justificamos. Nosso olhar, nossa percepção, nossos valores podem considerar a mesma escolha como positiva ou negativa. Cada pessoa pode vê-las de forma que sejam um fardo ou um fato, uma passa

A Praia

Esta manhã sentado na areia da praia larguei as preocupações, deixei em casa, passei a observar as pessoas que fixavam o olhar sobre a jovem de cabelos longos, pele queimada pelo sol e pelo sal, olhos cuja cor variava conforme o reflexo do mar e que ao passar deixava marcas definidas no chão. Uns admiravam, outros invejavam querendo se apropriar de sua beleza. Anos depois voltei à mesma praia, e lá estava uma mulher andando na areia e lentamente fiquei observando e identifiquei que era a mesma, embora já não irradiasse a mesma beleza, mas duas coisas foram decisivas no reconhecimento. Os olhos que não envelhecem, porque eles representam a alma e, portanto continuavam a refletir nuanças da cor do mar e as sequencia das pegadas ainda que não tão firmes e em menor ritmo, mas o mesmo andar, o mesmo balanço, porque elas representam a vida, um caminhar. Olhei na água para ver meus olhos e caminhei na praia para medir meu ritmo, eu envelhecera também.

O perdão

O antídoto para a mágoa é o perdão Por que perdoar? A mágoa é o elo mais forte entre duas pessoas, essa ligação é mais poderosa que as lembranças deixadas pelo reconhecimento, mais marcantes que os elogios, que os momentos alegres, de carinho e de sucesso. É uma amarra negativa que causa tristeza e muita dor. Muitas vezes as pessoas se afastam, rompem o relacionamento acreditando que a distância resolve o problema. O distanciamento imposto é ilusório, pois cada vez que se lembram da pessoa ou do fato gerador, acabam estreitando ainda mais esse laço de dependência, que a mágoa criou. O afastamento físico não impede a ligação, e mantém essa pessoa dentro de nós. Quanto mais remoemos, quanto mais esmigalhamos, essa diluição se alastra e se incorpora no nosso ser, somatizando e agora a dor também passa a ser física. Perdoar não e desculpar. A desculpa alivia o outro, o perdão é para nós, é nossa libertação. Quando provocamos mágoas nos outros, temos que ter consciência qu

Presença

    Chegou um momento em que temos que estar mais presentes do que nunca. O mundo se tornou um lugar muito complexo para lidar sem que estejamos íntegros de corpo e alma. Não mais é possível lidar com o físico sem integrar as emoções, os sentimentos. Assim como não é mais possível tratar o mundo sem a presença de todos. O momento exige que nos unamos para manter nossa evolução e não sucumbir ao caos da transformação. Sinto que se faz necessário conhecer cada vez mais o próximo, desfrutar de suas qualidades. Temos que estar abertos à percepção de que juntos é a única forma de lidar com o complexo. Temos que desmistificar que o domínio de uns sobre os outros é o caminho que nos compensa, nos favorece. Se isso fosse verdade as coisas estariam melhores e a existência mais significativa.   O que se vê, no entanto, é um lugar onde todos buscam e ninguém encontra, ou melhor, é um lugar que ninguém se encontra pleno de prazer, e completo em existir. Facetados estamos lutando

Os cinco sentidos

A natureza é sabia, será? Temos dois olhos e dois ouvidos, e por que só uma boca e um nariz. Como seria com duas bocas e dois narizes vamos imaginar. Para começar trariam uma confusão estética, e ainda acho que não caberiam na cabeça sem uma modificação significativa, e para onde alargar?   Qualquer imagem que eu faça me arrepia, mas com um milagre tudo pode acontecer. O problema é que duas bocas seriam demais para dizer a mesma coisa, a sugestão então seria ter dois cérebros independentes. Cada um comandando uma boca. Aí poderiam dizer coisas diferentes, uma poderia falar enquanto a outra cantar por exemplo. Legal, o numero de fofocas dobrariam. Sim mas com dois cérebros autônomos quem garante que eles tivessem a mesma lógica e se defendessem ideias contraditórias? As discussões que eram para ser de fora passariam para dentro da cabeça. E se a pessoa for teimosa essa discussão não acabaria nunca. Mas vejamos os dois narizes Meter o nariz na vida alheia já é demais, imagin