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Os cinco sentidos


A natureza é sabia, será?
Temos dois olhos e dois ouvidos, e por que só uma boca e um nariz.
Como seria com duas bocas e dois narizes vamos imaginar.
Para começar trariam uma confusão estética, e ainda acho que não caberiam na cabeça sem uma modificação significativa, e para onde alargar?  Qualquer imagem que eu faça me arrepia, mas com um milagre tudo pode acontecer.
O problema é que duas bocas seriam demais para dizer a mesma coisa, a sugestão então seria ter dois cérebros independentes. Cada um comandando uma boca. Aí poderiam dizer coisas diferentes, uma poderia falar enquanto a outra cantar por exemplo. Legal, o numero de fofocas dobrariam. Sim mas com dois cérebros autônomos quem garante que eles tivessem a mesma lógica e se defendessem ideias contraditórias? As discussões que eram para ser de fora passariam para dentro da cabeça. E se a pessoa for teimosa essa discussão não acabaria nunca.
Mas vejamos os dois narizes
Meter o nariz na vida alheia já é demais, imagine com dois. O mundo já tem muito abelhudo palpitando, com dois se enfiando na conversa dos outros a vida seria insuportável. Se também nesse caso tivéssemos os dois cérebros funcionando, meu Deus nem dá para pensar. E se os olhos precisassem de óculos, onde pendurar? Imagine a estética.
Some tudo agora dois olhos, dois ouvidos, duas bocas, dois narizes, dois cérebro, o Frankenstein seria galã de cinema.

É  melhor deixemos na mão da Natureza, ela entende das coisas.

Comentários

cansei de estar so

A verdade nua e crua

Um conto antigo “A verdade saindo do poço” nos conta, resumidamente, que a verdade e a mentira se despiram para banhar-se num poço. Sorrateiramente a mentira saiu, sem que a verdade percebesse , vestiu as vestes da verdade e sumiu. Quando a verdade saiu do poço ficou nua e crua, pois se recusara a vestir as roupas da mentira. Mas na realidade quem veste a mentira são as pessoas, quem conta pela primeira vez, sabe que é mentira, mas as pessoas com o desejo de que aquela mentira seja verdade a disfarça e a alimenta. Dizer que uma mentira dita muitas vezes se torna verdade é exatamente a manifestação desse desejo. A mentira permanece, e o desejo se concretiza. Como no mundo as aparências predominam, as vestes, o melhor os desejos escondem a mentira para que só se perceba a crosta que a encobre. O emissor é esquecido, o conteúdo é diluído ao longo do trajeto e as vestes se fortalecem com novas camadas e assume o conteúdo, o desejo é sempre o elemento mais forte de realidade. A

Mancha d´agua

Magoa é um vaso quebrado que se pode colar, mas não se recompõe o original. Toda tristeza guarda no peito de quem sofre uma magoa que se apaga, mas não se dissolve, é como uma mancha d’água. É só uma pequena lembrança da causa e ela se instala novamente. O que fazer para minimizar seu efeito? O remédio é a substituição, sim substituir os elementos da causa por algo maior que cubra a marca tornando-a invisível. É bem conhecido que: para curar a perda de um amor é substituir por outro.   Mas esse outro terá que ser maior , que roube o impacto do antigo, que inverta o sentido do outro. É cobrir, colando um adesivo, costurando uma nova estampa. Bordando um novo desenho. Afogar as magoa. T ambém não resolve , elas boiam. Tem que ser algo para fixar no fundo, uma ancora. É cobrir um passado que incomoda, com um novo desejo, uma nova esperança. A esperança cria expectativa, cobre com um manto o rancor, apaga a tristeza, esvazia o sentimento de perda que a acompanha. A