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Esperança

Quando me pergunto como definir o ser humano, eu me lembro de uma frase de Pablo Neruda, “casar pela segunda vez é apostar na esperança e abrir mão da experiência”.

Só assim eu consigo entender porque milhões de pessoas suportam viver em condições tão críticas. A grande maioria enfrenta condições severas de subsistência, mesmo nos grandes centros, no transito, no trabalho, nos relacionamentos, com rendimentos insuficientes e ainda sorri.

A explicação é a esperança, ou melhor, e a vitória da expectativa sobre a lógica, basta ver as longas filas da Mega Sena Acumulada.

Talvez essa seja exatamente a formula pela qual um ser pensante consiga viver. E faz sentido, o ser humano é o único dotado de pensamento, a mente.

A mente cicla entre o passado e o futuro, ou ela analisa ou projeta. Entre esses dois extremos o ser humano optou por dar mais peso ao futuro e criou a esperança.

A psicologia também nos ensina que nós postergamos recompensas imediatas em troca de objetivos futuros. Em outras palavras, quanto mais esperança colocamos numa meta futura, menos exigimos do presente. Se eu quero ser médico, por exemplo, eu subconscientemente aceito perder fins de semana estudando ou virando plantões, a expectativa futura compensa a perda presente.

A esperança parece ser a formula pela qual o ser humano consegue se adaptar a um ambiente que lhe parece desfavorável, compensando a sensação de impotência.

Passado, presente, futuro o trinômio que domina nossos pensamentos, tem sido constantemente avaliado, vejo muita recomendação de viver o Aqui e o Agora, uma hercúlea façanha para uma mente flutuante e inconstante como a nossa, mas enquanto não conseguimos dominá-la a esperança parece ser a melhor maneira de apaziguá-la.

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