Há momentos em que a reflexão se desarticula, os controles se afrouxam e os pensamentos soltos começam um analise livre, cujo resultado dependerá do estado de espirito desse instante. Geralmente isso ocorre quando estamos deprimidos ou pressionados por resultados que não estamos conseguindo alcançar. A esperança fica eliminada e o resultado é uma fria visão do nosso entorno. Nossos sentimentos e nossa percepção vão para extremos e soam como um lamento.........
O mundo se tornou um lugar estranho. Perdi o passo, sai do ritmo,
não consigo encaixar. Não estou entendendo mais a música, o balanço, o
compasso.
Não consigo colocar os detalhes do dia em vinte quatro
horas, o plano em doze meses, nem a vida numa perspectiva, num horizonte.
Perdi a harmonia do tempo; me atrapalho, me embaralho, sobram
coisas a fazer.
A sensação de incompetência me domina, me acompanha;
É um tempo que eu não domino mais e me pergunto: sou eu ou
acontece com todo mundo?
Sou a exceção ou sou o modelo pinçado nessa multidão que
como eu se desloca e avança desesperadamente para cumprir uma missão
desconhecida.
Vão-se os anos, sobra cansaço, faltam cabelos, sobram
frustrações.
Percebo até que a tecnologia melhorou o corpo, mas não aliviou
alma que a ela ainda não se adaptou.
Esse descompasso talvez explique a angustia; mas não alivia
a pressão de não conseguir encaixar meus valores nesses novos tempos. Não
entendo as guerras, a matança, a pobreza que se acumula, a intolerância que se
espalha, o desprezo pela ética, a indiferença da razão, a frieza dos
sentimentos. Não estamos nem aí. Penso que a evolução dos recursos físicos
proporcionados pela evolução tecnológica, gerou mais quantidade, mas não
necessariamente mais qualidade, esse descompasso não conseguiu segurar os
valores.
A tecnologia afetou o corpo, acelerou a mente, mas não
conseguiu melhorar a alma.
Vejo com apreensão o futuro, pois não sei como desvendar os
segredos da alma.
Se alguém souber me avise.
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