A vida é um passo a passo como os ponteiros de um relógio.
Os ponteiros avançam no tempo e a vida também.
O ponteiro maior é o corpo, é o físico, a vida. Ele arrasta
um menor que é a alma.
Corre-se o dia inteiro fazendo coisas, lidando no tempo,
marcando os segundos, os minutos, que se equilibram no ponteiro menor, que
mantem a unidade do conjunto. Ele sente e responde a cada movimento e
acompanha, indica a dimensão maior as horas.
São compassos de uma música invisível, de sons e ritmos,
semitonados pelas emoções, transformados em ideias e palavras expressas em
sequência para formar sentido, criar condutas e abrir espaços para novo avanço.
Os compassos a cada ciclo fecham uma jornada, numa mesma
dimensão e acumulam avanço sobre o tempo, tempo que envelhece e descuida da
gente.
Como parar o compasso, e enganar o tempo?
Há muita gente tentando segurar os ponteiros, com medo das
incertezas do futuro, querendo preservar o que passou, ficar na certeza do que
já foi experimentado. Há outros que tentam acelera-los na esperança que chegar
mais rápido ao futuro, para se livrar de um passado indesejado. Há os que se
sintonizam com as passadas do ponteiro, pois sabem que o passado ficou para
traz e o futuro, incerto como é, não pode ser antecipado.
Na realidade o que gira juntos dos ponteiros é a cabeça;
embora as passadas dos ponteiros sejam sempre as mesmas, o giro dentro da
cabeça pode acelerar, retarda, parar e até retroceder.
E isso pode afetar o ponteiro menor, que se esmera, se
empenha para não perder as horas, fornecendo, alegria, tristeza, saudade,esperança
e outras tantas formas ou simplesmente se desligando.
A alma acompanhará, assistindo a cabeça comandar até o dia
que o relógio parar.
A cabeça a gente controla...
Comentários
Postar um comentário