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Verdade


A grande preocupação de todos nós é a verdade, ou melhor, a busca pela verdade.
Queimamos muita energia nesse processo, as pessoas se desgastam, a procura vira conflito, distanciamento, uns de um lado, outros do outro.
O que deveria ser algo absoluto vira relativo, o Einstein se fosse filosofo teria tido sucesso aplicando seu conceito de relatividade. É, realmente a verdade depende do observador.
Ela não é absoluta, a realidade penetra em cada um como a luz que ao transpassar uma janela vai se distorcendo, se refratando, de acordo com a quantidade de ondulações, impurezas e adesivos que nela existam.
Para nós a realidade tem que atravessar uma “janela” cheia de pré-juizos, preconceitos, padrões calcificados, trilhas, hábitos enraizados, que a distorce e a torna única para cada individuo.
Realidade passa a ser uma questão de ponto de vista. Mesmo as mais concretas que não requerem juízo de valor, como as coisas, dependem de nossos sentidos e não é possível garantir que o tijolo que eu vejo seja exatamente o mesmo que do outro; imagem,  cor, textura, etc., dependem muito das condições, do desempenho de nossos cinco sentidos.
Perdemos enorme tempo em busca dessa verdade exterior, quando o importante é a nossa verdade interior.
Viver a nossa verdade é que nos faz singular e autêntico.
Por incrível que pareça essa verdade não gostamos de enfrentar, de buscar.
Por que há tanto medo em revela- la, se é ela a razão de nosso bem estar, de nossa felicidade?
Por que gostamos tanto da verdade dos outros?
Por que passamos a vida tentando copiar, imitar, adquirir a verdade alheia e nos contentamos em nos personificar com a “vestimenta” deles?
Colocamos mascaras, nos disfarçamos, achando que com isso conseguimos enganar a percepção das outras pessoas.
Transformamos-nos em imagens falsas, petrificamos um personagem irreal que não gostamos e que os outros também não.
Por que não viver nossa verdade, despidos das fantasias, das ilusões de que sendo como outro, seremos melhores?
Viver nossa verdade é se transportar para uma realidade segura, conectada com o todo, completa por ser única, nela nós podemos nos apoiar. Integra, ela nos garante, nos sustenta nos momentos mais cruciais, nas decisões mais importantes.  
 Viver nossa verdade é viver pleno de nos mesmo, não encontraremos ninguém feliz que tenha abdicado de sua verdade.
A verdade interna vem antes da razão, ela não é formulada, nem observável, como se supõem, ela é sentida pelo coração, vem envolvida de emoção e apesar da sutileza de sua constituição, nos faz forte na ação, justo na decisão, autentico com nós mesmos.
A verdade também nos liberta, com ela podemos nos despir das fantasias, das mascaras, dos modelos. Podemos dispensar o ciúme e a inveja, pois o herói somos nós.

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cansei de estar so

A verdade nua e crua

Um conto antigo “A verdade saindo do poço” nos conta, resumidamente, que a verdade e a mentira se despiram para banhar-se num poço. Sorrateiramente a mentira saiu, sem que a verdade percebesse , vestiu as vestes da verdade e sumiu. Quando a verdade saiu do poço ficou nua e crua, pois se recusara a vestir as roupas da mentira. Mas na realidade quem veste a mentira são as pessoas, quem conta pela primeira vez, sabe que é mentira, mas as pessoas com o desejo de que aquela mentira seja verdade a disfarça e a alimenta. Dizer que uma mentira dita muitas vezes se torna verdade é exatamente a manifestação desse desejo. A mentira permanece, e o desejo se concretiza. Como no mundo as aparências predominam, as vestes, o melhor os desejos escondem a mentira para que só se perceba a crosta que a encobre. O emissor é esquecido, o conteúdo é diluído ao longo do trajeto e as vestes se fortalecem com novas camadas e assume o conteúdo, o desejo é sempre o elemento mais forte de realidade. A

Mancha d´agua

Magoa é um vaso quebrado que se pode colar, mas não se recompõe o original. Toda tristeza guarda no peito de quem sofre uma magoa que se apaga, mas não se dissolve, é como uma mancha d’água. É só uma pequena lembrança da causa e ela se instala novamente. O que fazer para minimizar seu efeito? O remédio é a substituição, sim substituir os elementos da causa por algo maior que cubra a marca tornando-a invisível. É bem conhecido que: para curar a perda de um amor é substituir por outro.   Mas esse outro terá que ser maior , que roube o impacto do antigo, que inverta o sentido do outro. É cobrir, colando um adesivo, costurando uma nova estampa. Bordando um novo desenho. Afogar as magoa. T ambém não resolve , elas boiam. Tem que ser algo para fixar no fundo, uma ancora. É cobrir um passado que incomoda, com um novo desejo, uma nova esperança. A esperança cria expectativa, cobre com um manto o rancor, apaga a tristeza, esvazia o sentimento de perda que a acompanha. A