Ciúme é um ciclo, começa com
o amor, que se transforma em posse, posse que termina por possuir o ciumento.
No inicio é a admiração,
depois o envolvimento. A admiração vira apego, apego é posse.
A posse elimina o respeito, o
elemento fundamental da relação e provoca a ruptura do limite individual, é a
invasão do alheio.
Mas ao provocar a invasão, a
pessoa perde o domínio do próprio limite, perde o próprio referencial, esquecendo-se
de si mesma para se dedicar a controlar o outro.
O ciclo agora se volta para ela
mesma, pois como não percebe que controlar o outro é impossível, é possuído
pelo vício da imaginação.
Um imaginário constante de
perda, uma vigília angustiante, uma desvalorização pessoal profunda, uma
insegurança que fere que machuca.
É a perseguição da emoção
sobre a razão, é a fantasia dominando o senso, é a ação sobre uma falsa
realidade.
A posse do possuidor é o
fechamento do ciclo, ou melhor, da espiral crescente que se realimenta a cada
momento e inferniza continuamente.
“Um pouco de ciúme tempera a
relação”, pode até ser verdade, desde que ocasional, desde que reconhecido como
tal, desde que passageiro. Mas esse limite tem que ser muito bem administrado,
pois como todos os vícios, este também começa ao se sorver pequenas doses.
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