Cinco anos juntos, nos bancos escolares, no auge da
juventude.
Sentimentos ligados, energia vibrante , éramos receptores
das sensações mais profundas, conectados no tempo, ocupando os espaços,
circulávamos pelo pátio, pelas ruas e bares da redondeza.
Nos entendíamos, nos conhecíamos, interpretar cada gesto
cada palavra era pouco, já conseguíamos antecipar os pensamentos, os desejos.
Vivíamos momentos especiais, uma fraternidade, uma união sem
regras, sem normas, convivíamos com harmonia.
O dia passava e não percebíamos, não havia o tempo, dominávamos
os espaços, vivíamos o simples, com facilidade.
Contrabalançávamos a raiva e a disputa com a compreensão,
com o companheirismo.
Nos apoiávamos, éramos nós e os outros, as vezes contra as
vezes a favor, como fazem os irmãos.
As alegrias e as tristezas eram compartilhadas, as emoções
repartidas.
Namorávamos o mundo, desejávamos o futuro e disputávamos o
presente.
Brincadeiras, sorrisos, provocações, se intercalavam com as
obrigações, provas, trabalhos e redações.
Caminhávamos para um novo momento e não sabíamos.
Os envolvimentos amorosos, os dilemas familiares, nossos
complexos, e até nossos segredos eram na fraternidade, suportados, embalados,
compreendidos.
Não bastavam as horas do dia, fazia-se necessário avançar
sobre a noite, estender, ampliar o campo de relacionamento.
Baladas, barzinhos, conversas, choros, ilusões, permeavam o
ar em direção a nossa mente.
Todos participávamos desse elenco de emoções, que se
transformavam em sabedoria, confiança irrestrita, de apoio incondicional.
Hoje, com menos freqüência nos encontramos, sacamos
lembranças, pinçamos episódios, revivemos o passado, de tempos
irresponsavelmente felizes.
Embora distantes, continuamos amigos, porque criamos raízes.
Raízes no corpo, na mente e na alma, almas gêmeas, almas
irmãs, que se construíram na inocência de nossa juventude e na plenitude de
nossas emoções mais simples, na confiança de nossos ideais, na liberdade de
nossa razão.
Entendemos quanto importante foi, para que hoje pudéssemos alcançar
o que temos. Sim foram aqueles momentos que cuidaram da nossa atual felicidade.
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