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Serenata



Em frente da janela me postei, pois dentro da casa estava minha alegria.
Cantei uma canção que eu criei especialmente para ela naquele momento.
Notei que o luar quando a via se desmanchava em sinfonia espalhando poesia, esperando que ela saísse para abraçá-la e oferecer seu encantamento.
Nas cordas do meu violão a minha fantasia se transformava numa canção e brindava aquele momento mágico quando sua visão se postou na varanda.
Mas ela não mostrou alegria, permanecia sem emoção apenas surpresa com a situação.
De repente, romperam-se as cordas do violão, perdi o tom e os dedos soltos embaralhavam a canção. 
Para salvar a situação me pus a cantar, mas não consegui evitar as lágrimas que caiam sobre meu peito e cintilavam com a luz da lua, que ao refletir no seu rosto, parecia incomoda-la.
Num instante não a vi mais no balcão, engasguei na canção, ela sumira no tempo.
Mas foi minha alegria quando a vi no portão, me deu a beijo e um olhar daquele jeito.
O que eu não consegui com o violão e canto, consegui com a emoção.
Saudei então o Incidente e a Lua como parceiros dessa aventura. A natureza sábia entendera o meu coração.


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cansei de estar so

A verdade nua e crua

Um conto antigo “A verdade saindo do poço” nos conta, resumidamente, que a verdade e a mentira se despiram para banhar-se num poço. Sorrateiramente a mentira saiu, sem que a verdade percebesse , vestiu as vestes da verdade e sumiu. Quando a verdade saiu do poço ficou nua e crua, pois se recusara a vestir as roupas da mentira. Mas na realidade quem veste a mentira são as pessoas, quem conta pela primeira vez, sabe que é mentira, mas as pessoas com o desejo de que aquela mentira seja verdade a disfarça e a alimenta. Dizer que uma mentira dita muitas vezes se torna verdade é exatamente a manifestação desse desejo. A mentira permanece, e o desejo se concretiza. Como no mundo as aparências predominam, as vestes, o melhor os desejos escondem a mentira para que só se perceba a crosta que a encobre. O emissor é esquecido, o conteúdo é diluído ao longo do trajeto e as vestes se fortalecem com novas camadas e assume o conteúdo, o desejo é sempre o elemento mais forte de realidade. A

Mancha d´agua

Magoa é um vaso quebrado que se pode colar, mas não se recompõe o original. Toda tristeza guarda no peito de quem sofre uma magoa que se apaga, mas não se dissolve, é como uma mancha d’água. É só uma pequena lembrança da causa e ela se instala novamente. O que fazer para minimizar seu efeito? O remédio é a substituição, sim substituir os elementos da causa por algo maior que cubra a marca tornando-a invisível. É bem conhecido que: para curar a perda de um amor é substituir por outro.   Mas esse outro terá que ser maior , que roube o impacto do antigo, que inverta o sentido do outro. É cobrir, colando um adesivo, costurando uma nova estampa. Bordando um novo desenho. Afogar as magoa. T ambém não resolve , elas boiam. Tem que ser algo para fixar no fundo, uma ancora. É cobrir um passado que incomoda, com um novo desejo, uma nova esperança. A esperança cria expectativa, cobre com um manto o rancor, apaga a tristeza, esvazia o sentimento de perda que a acompanha. A