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A vida e a felicidade


A vida é uma sequencia de problemas a serem resolvidos, assim quando uns são solucionados outros aparecem para manter o fluxo.
Mas onde está a felicidade, então?  Parece-me que está nos intervalos.
Buscando uma imagem de felicidade eu me lembro dos recreios da minha infância correndo para o pátio deixando tudo na sala de aula, para desfrutar desse intervalo.
Pelo tamanho da algazarra, da correria, dos sorrisos posso afirmar que esses momentos eram de plena felicidade. Valorizávamos os intervalos, enchíamos a vida com eles.
Mas por que não ocorre agora? Porque é tão raro? O que mudou?
É que naquela idade nos tínhamos um fator ao nosso lado, a inocência.
A inocência de não pré-julgar, não se apegar. Ela nos dava a condição de esquecer tudo naqueles instantes, nada era mais importante.
Mas será que ainda podemos recupera-la?
Acho que não totalmente, mas podemos nos intervalos dos problemas, provocarmos um hiato de consciência e deixarmos de lado a racionalidade que nos faz julgar, avaliar, prever, etc. e nos entregarmos, como as crianças, ao mundo delicioso das emoções.
Não é uma tarefa fácil, nossos pés estão fixados, há pesos nas pernas, no corpo, nos braços, na cabeça, que impedem de libertar o coração.
O coração de criança era pequeno e só cabia a alegria, ele foi crescendo e em vez de mais inocência colocamos mais racionalidade, menos prazer e mais responsabilidade e desequilibramos os conteúdos.
Hoje adultos ele pende para o lado esquerdo do nosso cérebro, espremendo o direito, sufocando a emoção, comprimindo a alma, enfraquecendo nossa ligação fora da caixa

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cansei de estar so

A verdade nua e crua

Um conto antigo “A verdade saindo do poço” nos conta, resumidamente, que a verdade e a mentira se despiram para banhar-se num poço. Sorrateiramente a mentira saiu, sem que a verdade percebesse , vestiu as vestes da verdade e sumiu. Quando a verdade saiu do poço ficou nua e crua, pois se recusara a vestir as roupas da mentira. Mas na realidade quem veste a mentira são as pessoas, quem conta pela primeira vez, sabe que é mentira, mas as pessoas com o desejo de que aquela mentira seja verdade a disfarça e a alimenta. Dizer que uma mentira dita muitas vezes se torna verdade é exatamente a manifestação desse desejo. A mentira permanece, e o desejo se concretiza. Como no mundo as aparências predominam, as vestes, o melhor os desejos escondem a mentira para que só se perceba a crosta que a encobre. O emissor é esquecido, o conteúdo é diluído ao longo do trajeto e as vestes se fortalecem com novas camadas e assume o conteúdo, o desejo é sempre o elemento mais forte de realidade. A

Mancha d´agua

Magoa é um vaso quebrado que se pode colar, mas não se recompõe o original. Toda tristeza guarda no peito de quem sofre uma magoa que se apaga, mas não se dissolve, é como uma mancha d’água. É só uma pequena lembrança da causa e ela se instala novamente. O que fazer para minimizar seu efeito? O remédio é a substituição, sim substituir os elementos da causa por algo maior que cubra a marca tornando-a invisível. É bem conhecido que: para curar a perda de um amor é substituir por outro.   Mas esse outro terá que ser maior , que roube o impacto do antigo, que inverta o sentido do outro. É cobrir, colando um adesivo, costurando uma nova estampa. Bordando um novo desenho. Afogar as magoa. T ambém não resolve , elas boiam. Tem que ser algo para fixar no fundo, uma ancora. É cobrir um passado que incomoda, com um novo desejo, uma nova esperança. A esperança cria expectativa, cobre com um manto o rancor, apaga a tristeza, esvazia o sentimento de perda que a acompanha. A