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Cansei de estar só...


Cansei de julgar as pessoas, de me julgar. Agora quero compartilhar.
Me libertar do mundo isolado, quero invadir a privacidade dos outros, quero participar de seus lamentos, de suas dúvidas, de seus apegos.
Quero me intrometer, me embriagar nos seus sonhos, me pendurar nas suas esperanças, abraçar suas lembranças, me envolver em suas paixões.

Chega de só eu, quero mais, quero você, quero eles, quero nós.
Por maior que sejam meus desejos, eles não são suficientes para preencher minha vida.
Eu preciso do sorriso, do olhar, da ternura, da inocência dos outros.
Eu preciso me ver no reflexo de alguém. Eu preciso me entregar para poder criar, para construir.
Eu tenho que me que jogar na busca da coesão, do sentido e da razão, no encontro da harmonia, sem ela sou um elo solto, um traço na escuridão, uma fraca penumbra.

De mãos dadas, eu percebo o mundo que me rodeia, sinto a força das pessoas, concretizo minha existência.

Eu não estou à parte da humanidade, não estou em cima do destino, eu corro ao lado.

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cansei de estar so

A verdade nua e crua

Um conto antigo “A verdade saindo do poço” nos conta, resumidamente, que a verdade e a mentira se despiram para banhar-se num poço. Sorrateiramente a mentira saiu, sem que a verdade percebesse , vestiu as vestes da verdade e sumiu. Quando a verdade saiu do poço ficou nua e crua, pois se recusara a vestir as roupas da mentira. Mas na realidade quem veste a mentira são as pessoas, quem conta pela primeira vez, sabe que é mentira, mas as pessoas com o desejo de que aquela mentira seja verdade a disfarça e a alimenta. Dizer que uma mentira dita muitas vezes se torna verdade é exatamente a manifestação desse desejo. A mentira permanece, e o desejo se concretiza. Como no mundo as aparências predominam, as vestes, o melhor os desejos escondem a mentira para que só se perceba a crosta que a encobre. O emissor é esquecido, o conteúdo é diluído ao longo do trajeto e as vestes se fortalecem com novas camadas e assume o conteúdo, o desejo é sempre o elemento mais forte de realidade. A ...

Reflexos

A única face que jamais conheceremos é a nossa própria. Podemos nos conhecer de reflexos em espelhos e fotos. Nunca nos vimos cara a cara. “É no reflexo dos olhos da mãe que nos vemos pela primeira vez”. É no reflexo de todas as nossas relações que construímos o nosso próprio senso, “quem” somos. Mas constantemente esquecemos essa condição de dependência. Os espelhos nos enganam, pois frios e vazios, só mostram a nossa vaidade envelhecendo no tempo. Na verdade só conversamos com eles quando não queremos respostas. Nossas relações também enganam, ou se enganam devolvem um reflexo que passa pelos seus critérios, seus valores, suas limitações e depois de um tempo, acabamos dependentes delas. Influenciados criamos uma identidade própria que enganamos a todos e até a nós próprios, mas não nossa mãe. Ela tem um filtro no coração que apaga o tempo, e recupera a inocência. Ela nos mostra a criança, que realmente é o que sempre fomos se despido de outros reflexos. Seria ...