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Quem envelhece é o Instinto

 O Instinto é rebelde não obedece a ninguém, não acredita?

Pede para ele parar a respiração, parar de bater o coração, de não ter mais sono, etc. ele vai te atender?

Não, o Instinto é independente de nós e de nossas outras faculdades, o Intelecto e a Intuição, por consequência livre de nossa vontade, fora de nosso domínio, ele segue o ciclo da natureza biológica, nascer, crescer, desenvolver, extinguir.

Ele mantém a vida, comanda todas as funções, sem nenhuma ordenação nossa, mesmo querendo não conseguimos impedi-lo e isso é de proposito, pois se ficasse por nossa conta nos esqueceríamos muitas vezes de mandar nosso corpo respirar, tão atarefado que ficamos com as imposições da nossa Razão.

O Instinto segue seu ciclo independente e começa a envelhecer, entra na fase de regressão, não mais produzindo a reposição das células, e nesse ponto começamos a envelhecer com ele, sob sua batuta.

Nossa razão, tão importante, imponente, as vezes soberba, vai se extinguindo, por falta de ligações de neurônios perdemos a capacidade memorial, funções racionais enfraquecem. A Intuição também para de ser processada, gerida e publicada pois também depende de funções que o Instinto não mais proporciona.

O Instinto que nos foi doado, encaixado ao nosso corpo, vai definhando, e levando consigo, nossa propriedade, o que realmente comandávamos, a Razão e a Intuição. A vida nos é tirada aos poucos, tudo fica velho até o último comando: parar de respirar e nesse instante nosso Ser se liberta novamente. Voltamos ao ponto da “pureza”.

Para quem acredita na viagem, ele controla o tempo, a duração do ciclo, como um cronometro, e é inútil tentar impedi-lo, ele está programado, num algoritmo inviolável, que nossa Razão e Intuição ainda se desdobram na busca da autoria.

Mas ja que ele é quem envelhece e nada podemos fazer, estamos livre para usar os outros dois sensos e disfrutar do intervalo e olha que não é pouco. Podemos modificar o mundo, lapidar sentimentos, engrandecer propositos, alargar experiencias. Encher os vazios com pensamentos, com prespectivas, com esperanças.

 Rir, brilhar, se vangloriar com ideias que podemos criar e produzir, com tudo aquilo que que ele não pode impedir e não tem capacidade de gerar. O Instinto presente em todos os  seres vivos, tem que conviver com a ideia de que só nós podemos  receber o passaporte de SER HUMANO, carimbado e assinado por: Razão e Intuição.



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