A única face que jamais conheceremos é a nossa própria. Podemos nos conhecer de reflexos em espelhos e fotos. Nunca nos vimos cara a cara. “É no reflexo dos olhos da mãe que nos vemos pela primeira vez”. É no reflexo de todas as nossas relações que construímos o nosso próprio senso, “quem” somos. Mas constantemente esquecemos essa condição de dependência. Os espelhos nos enganam, pois frios e vazios, só mostram a nossa vaidade envelhecendo no tempo. Na verdade só conversamos com eles quando não queremos respostas. Nossas relações também enganam, ou se enganam devolvem um reflexo que passa pelos seus critérios, seus valores, suas limitações e depois de um tempo, acabamos dependentes delas. Influenciados criamos uma identidade própria que enganamos a todos e até a nós próprios, mas não nossa mãe. Ela tem um filtro no coração que apaga o tempo, e recupera a inocência. Ela nos mostra a criança, que realmente é o que sempre fomos se despido de outros reflexos. Seria
O tempo escapa e se perde no espaço, mas não na gente, que sabemos guarda-lo como num porta joias onde se acumulam e nos deixam mais sensíveis A fraca visão, a mansidão do coração, as falsas sinapses cerebrais, são os excessos de tempo acumulados que hoje acredito serem propósitos para criar um estado emocional mais apropriado a nossa evolução. Os anos se acumulam mais que os fatos, e a razão vai se diluindo e perdendo para a emoção, seria como se a vida fosse feita de cores que se misturam em matizes menos definidas, mas que emocionam mais. Após tantos anos cheguei a conclusão que o tempo se acumula dentro de nós para que possamos ver a cada dia as pessoas mais belas aos nossos olhos, mais perfeitas aos nossos julgamentos, mais encantadoras ao nosso coração.