A única face que jamais conheceremos é a nossa própria. Podemos nos conhecer de reflexos em espelhos e fotos. Nunca nos vimos cara a cara. “É no reflexo dos olhos da mãe que nos vemos pela primeira vez”. É no reflexo de todas as nossas relações que construímos o nosso próprio senso, “quem” somos. Mas constantemente esquecemos essa condição de dependência. Os espelhos nos enganam, pois frios e vazios, só mostram a nossa vaidade envelhecendo no tempo. Na verdade só conversamos com eles quando não queremos respostas. Nossas relações também enganam, ou se enganam devolvem um reflexo que passa pelos seus critérios, seus valores, suas limitações e depois de um tempo, acabamos dependentes delas. Influenciados criamos uma identidade própria que enganamos a todos e até a nós próprios, mas não nossa mãe. Ela tem um filtro no coração que apaga o tempo, e recupera a inocência. Ela nos mostra a criança, que realmente é o que sempre fomos se despido de outros reflexos. Seria ...
A indiferença, essa cortina transparente que embaça nossos sentidos, essa neblina que gela a nossa mente, que nos torna cristalizados perante o sofrimento dos outros. Essa apatia apaga nossa visão e nos torna mortais limitados, enquadrados numa rotina que nos tira a imaginação, nos remete ao labirinto das ações que se funde em atitudes pequenas, esquecendo a grandeza de nossa imortalidade. Voltados para as coisas materiais, removemos nossa inspiração e nos colocamos lado a lado com a miséria, desprovidos de compaixão olhamos os outros com desdém. As pessoas se tornem transparentes, invisíveis, passamos ao largo sem as ver, sem as sentir. Ignoramos suas presenças, suas histórias, com isso ignoramos a nós mesmos, evitamos a nossa presença. Nos encarar, olhar para dentro sem nos julgar, sem nos punir, tolerar nossas fraquezas e enaltecer nossas virtudes, talvez seja a forma de nos revelar, e nos compreender, momento a partir do qual elevaremos ...